terça-feira, 16 de agosto de 2016

Santa Beatriz da Silva - 17 de Agosto



Santa Beatriz da Silva, Virgem

Fundadora das Irmãs Clarissas Concepcionistas

Comemoração litúrgica: 17 de agosto.

Também nesta data:  São Servo, São Mamede e  São Jacinto de Cracóvia.

Santa Beatriz da Silva nasceu em Celta, quando esta cidade pertencia a Portugal. Possuía descendência real hispano-portuguesa e pertencia à mais alta nobreza da corte. Como condessa costumava subir com muita freqüencia ao monte Hacho, com a finalidade de venerar Nossa Senhora da África, pois desde a  mais tenra idade nutria grande veneração e amor pela Imaculada Conceição. Tinha 10 anos quando seu pai  foi transladado a  Portugal.

Foi no ano de 1447 que despediu-se do solar da família Ruiz de Silva e Meneses, com a finalidade de acompanhar, na qualidade de dama de honra, a princesa Isabel de Portugal, que partiu para Castella a fim de contrair matrimônio com o rei daquela nação, João II de Castella.
A corte não tinha um lugar fixo, variando conforme as  circunstâncias.  Às vezes residia em Madrigal de Altas Torres, onde  viria a nascer a princesa Isabel, a Católica. Outras vezes residia em Tordesilhas. Tudo dependia da necessidade daquele ambiente cortesão, onde imperava clima cercado de receios e intrigas.
Era Beatriz da Silva pessoa de deslumbrante beleza.  Apesar de possuir sangue real, era uma graciosa donzela, que excedia todas as  demais de seu tempo, em formosura e gentileza. Isto fez com que a própria Beatriz se desse conta de que, sua rara beleza, passara a ser motivo involuntário de constantes rivalidades  entre seus apaixonados pretendentes.  Muitos condes e duques intencionavam pedir sua mão em matrimônio. Haviam acaloradas disputas e lances de amor por sua causa. Beatriz se  refugiava e permanecia em silêncio e oração. Diante desta incômoda circunstância, expressou que trocaria sua aparência pela da mulher mais feia do mundo.
Pela sua extrema piedade, não tardou que o poder do mal,  contra ela lançasse seus furores.  Boatos maldosos surgiram e colocaram em dúvida sobre a virtude de Beatriz. Foi quando começou a  crescer na rainha idéias  fantasiosas, acêrca da fidelidade conjugal do Rei, que poderia se deixar levar pela formosura de Beatriz e pela sua "má índole", cujas mentes maliciosas, caluniosamente haviam propagado.  Cega de ciúmes, a rainha extremamente encolerizada, decidiu investir contra ela de maneira violenta. Um dia, fez-se acompanhar de Beatriz a  um sótão escuro e a empurrou para dentro de um grande cofre,  que foi fechado à chave.  Dias depois, abriu a arca e esperando encontrar um cadáver, achou Beatriz viva e com perfeita saúde.  Este cofre encontra-se preservado, até hoje, junto ao convento de Santa Clara, em Tordesilhas.
Beatriz, então, decide fugir das intrigas da corte. Se dirige a  Toledo e  é  aceita no mosteiro de São Domingos. Não abraçou a  vida monástica, mas seguiu o mesmo estilo de vida das monjas, durante um período de 30 anos.
Nesta época, Isabel (a Católica), na condição de nova rainha, que às vezes acudia sua mãe desde Arévalo, costumava, ainda que consternada, a visitar Beatriz. Nutrida por grande admiração,  lhe concedeu os palácios de Galiana e o Mosteiro de Santa fé. Foi neste mosteiro que Beatriz ingressou com doze religiosas, depois de 30 anos de  espera, com o nome de Maria Imaculada, onde fundou sua Ordem contemplativa de Concepção Franciscana (Concepcionistas). A congregação expandiu-se rapidamente tanto na Europa quanto na América.
O Papa Inocênio VII foi quem aprovou a Bula, no ano de 1489. Em 1491, a bula foi levada solenemente da catedral de Toledo até o mosteiro de Santa Fé.
Poucos dias depois, Beatriz caiu gravemente enferma. No leito de morte, recebeu o hábito e pronunciou os votos, como madre Fundadora da Ordem. Ao ungirem sua fronte, milagrosamente apareceu uma estrela e por este motivo é nos quadros e imagens, a figura da Santa é representada com uma estrela na testa.  Partiu para a eternidade no dia 17 de agosto de 1491. Foi declarada Beata por Pio XI em 1926 e  canonizada pelo Papa Paulo VI cinqüenta anos depois, em 1976.
Reflexões:
A  vida de Santa Beatriz e o meio em que ela viveu,  as lutas que travou, a sua humildade e paciência,  proporcionaram à humanidade,  o desabrochar de uma Ordem Religiosa extraordinária.  Dotada de todas as virtudes cristãs, permaneceu desde criança até a morte, em fidelidade extrema aos ensinamentos cristãos,  nutridos pelo amor intenso que tinha pela Santíssima Virgem.  Antes, porém, que fechasse os olhos ao mundo,  viu sua Ordem Religiosa recém-fundada, ser aprovada canonicamente.
Santa Beatriz, nas adversidades, procurava o recolhimento e a oração. Não se deixou levar nem pelas honrarias, nem por prazeres, nem por sua extrema beleza. Sua vida foi de total entrega aos preceitos cristãos, nutridos pelo amor ardentíssimo que tinha pela Santíssima Virgem.
As circunstâncias da sua geração nos levam a perguntar hoje:  Onde estão todos os condes e duques,  que perderam seu precioso tempo, não só cobiçando,  mas entregando-se em acaloradas disputas e rivalidades por causa das apaixonadas pretensões que tinham por Santa Beatriz?   Onde estão os membros da corte real,  os reis e  rainhas da época? Onde está agora Santa Beatriz, e todas as  irmãs que um dia já fizeram parte do grêmio da Congregação das Concepcionistas?   Aprofundemo-nos mais um pouco:  Onde  estão todas as pessoas que viveram, se  divertiram,  brigaram,  casaram, separaram, trabalharam, que entregaram-se aos vícios e paixões, ou que viveram santamente? Não é verdade que todos estes corpos, desde a criação do mundo, até poucos anos atrás, viraram pó,  cujas almas partiram, umas para a Eternidade, outras para a perdição eterna?  A vida é muito curta! Se tivermos sorte, conseguiremos chegar aos 80 anos. Daqui a muito, muito pouco tempo,  igual a todas essas pessoas, iremos tombar na terra, o mundo para nós vai se escurecer, indubitavelmente. Cristo não veio ao mundo e nem se deixou crucificar por brincadeira, Ele veio por uma causa seríssima!  Veio nos trazer todos os meios e instrumentos de salvação eterna. Não percamos nenhum minuto do nosso preciosíssimo tempo com paixões, contendas, rivalidades inúteis, apegos materiais e prazeres passageiros. Só uma coisa nos importa: Praticar os ensinamentos de Cristo,  viver os ensinamentos da Santa Religião, transmitir este precioso tesouro aos nossos filhos. Quem se entrega de corpo e alma às coisas terrenas, deixa aos seus filhos esta herança, a própria terra onde todos serão sepultados e as coisas que estão sobre ela. O corpo vai, os bens permanecem aqui.  Quem, porém,  procura praticar e ensinar os preceitos de Deus e da Igreja, deixa aos filhos uma herança divina,  garante a eles a própria  eternidade. Existe maior tesouro, maior herança?
Santa Beatriz, assim como todos os santos, desprezou as coisas terrestres porque sua mente estava voltada para as divinas. Peçamos à Santíssima Virgem, de quem Beatriz era fiel devota, que interceda junto ao Divino Espírito Santo, a fim de nos proporcionar claro discernimento entre as coisas da terra e as coisas do Alto, entre a santidade e o pecado, entre a vida e a morte, entre a verdade e a mentira, entre o bem e  o mal.  Peçamos, enfim, que nossa visão não se deixe ofuscar pelas coisas que passam, mas que seja cristalina para as coisas de Deus e que possamos ser uma lâmpada sobre a mesa, a iluminar as pessoas do nosso convívio.  Luz como a estrela que foi Santa Beatriz,  escolhida por Deus para iluminar com seu exemplo, a Santa Igreja, a humanidade.
FONTE: Página Oriente em 2013

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